Um sítio arqueológico foi descoberto em Lençóis Paulista durante os estudos para a implantação de um novo loteamento residencial. Cerca de 1.600 artefatos em pedra e cerâmica foram encontrados na região do Rio do Engenho, córrego afluente do Rio Lençóis. Segundo especialistas, são vestígios de povos antigos que viveram na região.
A descoberta ocorreu em junho, mas foi divulgada esta semana pela Prefeitura Municipal após análise de arqueólogos. Uma Mostra Virtual com os achados e o processo de trabalho dos arqueólogos e pode ser visitada no link: http://arqueologiabrasil.net/mostra07/lencois_paulista.
Segundo a Prefeitura, o material foi enviado a um laboratório para análise mais aprofundada. Posteriormente, uma coleção de referência pode ser viabilizada permanentemente no município para visitação da população lençoense. Esses achados representam o patrimônio cultural arqueológico da Cidade, do Estado e do País. Por meio do Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (PGPA) também foi disponibilizada uma Mostra Virtual com os achados e o processo de trabalho dos arqueólogos.
De acordo com a Dra. Ana Cristina Chagas dos Anjos, educadora responsável pelo Programa Integrado de Educação Patrimonial do Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (PGPA), desenvolvido pela A Lasca Arqueologia, por uma primeira análise, de acordo com as características das peças e sua disposição no solo, é possível afirmar que a população que se estabeleceu nessa encosta de rio era horticultora-ceramista e confeccionava potes cerâmicos para conter água e alimentos. Vivia da agricultura, coleta de raízes, frutos e mel e também produzia ferramentas em pedra, como raspadores, furadores, lâminas de machado, e pontas de flechas e de lanças, para caça e pesca, entre outras funções.
Uma análise laboratorial vai ajudar a determinar a idade desses artefatos. Estima-se que a ocupação seja anterior à chegada dos europeus ao continente (povos pré-coloniais).
A Gestão do Patrimônio Arqueológico é uma das exigências para licenças requeridas para empreendimentos imobiliários. Os artefatos descobertos em Lençóis Paulista agora am a integrar o Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (PGPA), de acordo com a Instrução Normativa IPHAN nº. 01, de 25 de março de 2015 e com a Portaria Autorizativa dos estudos arqueológicos pelo IPHAN, nº. 35, de 21 de maio de 2021.
O Programa prevê também a execução de ações educativas e culturais sobre seus resultados e sobre o patrimônio cultural em geral, em parceria com os protagonistas e atores socioculturais locais: escolas públicas, instituições culturais e sociais e aparelhos públicos da região.
“Iremos solicitar uma mostra no município, pois essas evidências palpáveis de antigos povoados mudam a percepção sobre as origens de Lençóis Paulista no que tange à ocupação do solo. Oportunamente, além dos nossos cidadãos, vamos levar os nossos alunos a essa exposição que jogará luz sobre a nossa própria história”, ressalta o prefeito Anderson Prado.

O processo
Quando encontrado um artefato, são desenhadas quadras arqueológicas (unidades de escavação) pois é possível que existam mais vestígios próximos daquele artefato. A área analisada em Lençóis Paulista tem aproximadamente 20 hectares.
Além das quadras arqueológicas, os arqueólogos também utilizam como método a abertura de trincheiras. Com o uso de peneiras e outras ferramentas (trenas, cavadeiras, enxadas, entre outras) são realizadas novas buscas. O aprofundamento das quadras e trincheiras permite saber não só como as peças estão distribuídas no solo, como reconstituir aspectos de ocupação desses antigos povos.
Como trata-se de um sítio de pouca profundidade, os artefatos foram resgatados para análise em laboratório e a obra poderá seguir normalmente.