Especialista em autismo, Dr. Plinio Ferraz diz que diagnóstico precoce é melhor para a criança e que pais e cuidadores devem estar atentos.
Na semana de conscientização do autismo, Lençóis Paulista recebeu o médico neuropediatra Dr. Plinio Ferraz, que é referência regional no tratamento do transtorno do espectro autista e tem consultório em Bauru.
Em entrevista exclusiva ao Acontece na Região, o Dr. Plinio Ferraz disse que os pais devem estar atentos aos sinais de que algo não está bem e procurar um médico já que o diagnóstico precoce melhora a situação da criança autista.
Mais de 200 pessoas estiveram presentes no encontro realizado na noite de ontem (04/04), na Apae de Lençóis Paulista.
Além da palestra “Uma lente de aumento na TEA”, proferida pelo médico neuropediatra, foram abordados outras questões como a jurídica e familiar.
A semana de conscientização do autismo em Lençóis Paulista também contou com outras atividades como piquenique, sessão de cinema e eata. Os eventos foram organizados pelo GAPALP (Grupo de Apoio as Pessoas com Autismo de Lençóis Paulista) e profissionais de clínicas particulares que atendem autistas.
O Dia Mundial da Conscientização do Autismo é celebrado em 2 de abril e a data foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2007 com o objetivo de despertar a atenção sobre o tema e promover a inclusão.
Pais e cuidadores devem ficar atentos, diz especialista em autismo
O Dr. Plinio Ferraz destaca que os pais e os cuidadores de crianças, principalmente os trabalhadores em creches e escolas devem estar atentos a alguns sintomas que podem indicar que a criança tem o TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Ele elenca alguns sinais de alerta para pais e professores de creches e escolas infantis:
- Criança com idade entre 1 ano e meio a 2 anos que não tem um bom contato com olhar, não aponta, não dá tchau,
- prefere brincar sozinha do que com seus pares ou outras crianças,
- criança com atraso de fala também associado a comprometimento social.
“Eles têm que estar atentos para o diagnóstico, pois o quanto antes é feito melhor para a criança, melhor prognóstico já que o tratamento principal é através da terapia comportamental, pelo método ABA”, explica o médico.
Tratamento é com equipe multidisciplinar
O médico especialista em autismo explica que a terapia comportamental faz uma análise do comportamento aplicado.
“Quando a gente pega a criança numa fase em que o cérebro tem muita neuroplasticidade, é muito fácil você criar novas rotas, novas conexões e com isso a criança melhora muito através desse estímulo, através das terapias multidisciplinar”, elenca o Dr. Plinio Ferraz.
O problema é que as políticas públicas para diagnóstico e tratamento do autismo estão muito longe do ideal.
“Ao detectarem os sinais, os pais devem procurar o pediatra, mas se eles tiverem condições de conseguir uma consulta com um neurologista infantil é melhor ainda já que quanto antes é fechado o diagnóstico pelo médico, mais cedo, vai começar o tratamento e isso faz toda a diferença no prognóstico da criança”, finaliza o médico.
As terapias comportamentais mais comuns incluem a terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada), que se concentra na mudança de comportamentos problemáticos, e a terapia de Intervenção Precoce, que visa identificar e tratar o autismo o mais cedo possível.
A terapia ocupacional e a terapia da fala ajudam a pessoa a desenvolver habilidades práticas, como se vestir, comer e falar. A terapia física pode ajudar a melhorar a coordenação motora.
Em alguns casos é prescrito medicamentos.
Confira a entrevista completa:
Saiba mais sobre o TEA
TEA é a sigla para Transtorno do Espectro Autista, que é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento da comunicação, socialização e comportamento da pessoa.
É chamado de “espectro” porque os sintomas e a gravidade do transtorno podem variar amplamente de pessoa para pessoa.
Algumas pessoas no espectro podem ter dificuldades significativas em áreas como linguagem e interação social, enquanto outras podem ter habilidades muito avançadas em áreas específicas.
O tratamento do autismo é geralmente uma abordagem multidisciplinar que pode incluir terapia comportamental, terapia ocupacional, terapia da fala, terapia física e tratamento medicamentoso.